Espírito de Profecia

A visão da reforma de saúde 

A visão da reforma de saúde 


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Poucas semanas depois disto, são encontrados Tiago e Ellen White visitando Otsego, Michigan, no fim de semana, para animar os obreiros evangélicos locais. Enquanto o grupo de obreiros se ajoelhava em oração, no começo do sábado, foi dada a Ellen White uma visão bem abarcante da relação da saúde física com a espiritualidade, da importância de seguir princípios corretos no regime e no cuidado do corpo, e dos benefícios dos remédios da natureza – ar puro, luz do sol, exercício e o uso racional da água. Antes dessa visão, pouca atenção ou tempo tinham-se dado a questões de saúde, e vários dos sobrecarregados ministros haviam sido obrigados a parar, durante alguns períodos de tempo, devido à enfermidade. Embora naquela época houvesse, neste e noutros países, indivíduos que lideravam reformas no modo de vida, os adventistas do sétimo dia, com suas mensagens do sábado e do advento, pouco interesse tinham em questões de saúde. Essa revelação a Ellen White a 06 de junho de 1863, impressionou os chefes da igreja recém-organizada com a importância da reforma de saúde. Nos meses que se seguiram, visto ser a mensagem de saúde considerada parte da mensagem dos adventistas do sétimo dia, inaugurou-se um programa educativo sobre a saúde. Iniciando essa campanha, foram publicados seis folhetos de sessenta e quatro paginas cada um, e intitulados: Health, or How to Live, compilados por Tiago e Ellen White, e em cada um deles aparecia um artigo de autoria dela. Muitíssimo impressionados ficaram os primeiros líderes da obra com a importância da reforma da saúde, devido à morte prematura de Henrique White com dezesseis anos, à grave enfermidade do Pastor Tiago White, que por três anos se afastou do trabalho e aos sofrimentos de vários outros ministros.

No princípio de 1866, atendendo à instrução dada a Ellen White no dia de Natal de 1865 (Testemunhos para a Igreja, vol. 1, p. 489), de que os adventistas do sétimo dia deveriam estabelecer uma instituição de saúde para cuidar dos doentes e comunicar instruções sobre saúde, delinearam-se planos para o Health Reform Institute, que abriu em setembro de 1866. Enquanto a família White estava em Battle Creek ou de lá saíam, de 1865 a 1868, as condições físicas do Pastor White levaram-nos a se retirar para uma pequena fazenda, perto de Greenville, Michigan. Longe dos prementes deveres da sede da nossa obra, teve Ellen White oportunidade de escrever; e fez a apresentação da historia do conflito, conforme lhe fora repetidamente mostrado de maneira mais completa em muitas revelações. Em 1870, foi publicado The Spirit of Prophecy, vol. I, trazendo a história desde a queda de Lúcifer até o tempo de Salomão. O trabalho dessa série foi interrompido, e somente sete anos mais tarde foi publicado o volume seguinte. Ao voltarem gradualmente as forças físicas ao Pastor White, também ele teve a oportunidade de recapitular o avanço da obra e de estudar planos para sua extensão.

Fatos interessantes

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[asks q="Como eram as visões de Ellen White? Existe algum relato de testemunha ocular?"]

A obra de alguém que afirma dar como testemunho a mensagem de Deus deve satisfazer os requisitos dados pela Palavra de Deus, tais como, “pelos seus frutos os conhecereis”, “à lei e ao testemunho”, o cumprimento de predições etc. Embora os fenômenos físicos que algumas vezes acompanhavam as visões não sejam um teste em si, eles satisfazem, nas mentes da maioria das testemunhas oculares, a evidência da obra do poder divino. Aqueles que testemunharam pessoalmente Ellen White em visão observaram muito cuidadosamente o que ocorria. Dos relatos disponíveis podemos formar o seguinte resumo:

Antes de uma visão, tanto a Sra. White quantos os que estavam no aposento sentiam uma profunda impressão da presença de Deus.
Quando a visão começava, Ellen White exclamava: “Glória!” ou “Glória ao Senhor!”, repetidas vezes.
Ela experimentava uma perda de força física.
Subsequentemente, ela muitas vezes manifestava força sobrenatural.
Ela não respirava, mas seu batimento cardíaco continuava normal, e a cor em suas faces era natural.
Ocasionalmente ela proferia exclamações indicativas da cena que lhe estava sendo apresentada.
Seus olhos ficavam abertos, não com olhar distante, mas como se estivesse atentamente assistindo algo.
Sua posição podia variar. Às vezes ela ficava sentada; às vezes reclinada; às vezes andava em volta do aposento e fazia gestos graciosos enquanto falava sobre os assuntos apresentados.
Ela ficava absolutamente inconsciente do que estava ocorrendo ao seu redor. Não via, ouvia, sentia, nem percebia de modo algum o ambiente ou os acontecimentos que a cercavam.
O final da visão era indicado por uma profunda inspiração, seguida em aproximadamente um minuto por outra, e logo sua respiração natural recomeçava.
Imediatamente após a visão tudo parecia muito escuro para ela.
Dentro de pouco tempo ela recuperava sua força e habilidades naturais.

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[asks q="Ellen White era milionária?"]

Mais de uma vez em seu ministério, Ellen White foi confrontada por acusações de que ela estava acumulando uma grande riqueza por causa dos direitos autorais de seus livros. Eis sua resposta direta a um difamador, escrita em 1897 enquanto ela morava na Austrália:

“Você fez denúncias de que eu era rica. Como sabia que eu era? Por cerca de dez anos tenho trabalhado com base em propriedades que não me pertenciam. Se vendesse tudo o que tenho em minha posse, não teria dinheiro suficiente para saldar todas as minhas despesas.

“Onde tenho investido o dinheiro? Você bem sabe onde. Eu tenho sido o banco de onde são extraídos os recursos para levar avante o trabalho neste país…

“Eu tenho tomado dinheiro emprestado para fazer a obra que precisa ser feita. Nem um xelim das doações que me são enviadas, desde a menor quantia até as maiores, foi usado em meu próprio favor. Nossa boa irmã Wessels presenteou-me um vestido de seda, e fez-me prometer que não o venderia. Mas eu acho que se ela tivesse colocado em minhas mãos o valor correspondente ao vestido, ele teria sido usado na causa de Deus.

“Vejo dívidas em nossas casas de culto e isso me faz doer o coração. Não posso deixar de me afligir com o assunto. Tenho investido dinheiro nas igrejas de Parramatta, Prospect, Napier, Ormondville, Gisborne, e na educação de estudantes. Tenho enviado pessoas para a América a fim de serem preparadas para voltar e trabalhar neste país. Se esta é a maneira de alguém se tornar rico, eu acho que outros deviam experimentá-la.

“Todos os direitos autorais sobre meus livros estrangeiros vendidos na América são sagradamente dedicados a Deus para a educação de estudantes, a fim de que possam ser preparados para o ministério. Milhares de dólares têm sido gastos assim. É esta a maneira de se acumular dinheiro? A velha história que Canright e outros fizeram circular, de que eu valia 30 mil dólares, é tudo ficção. E fiquei sabendo que esse valor já aumentou para 30 mil libras, desde que eu vim para a Austrália.

“Não sei onde está esse dinheiro. Estou usando todos os meus recursos, tão rápido quanto eles me chegam às mãos, para fazer avançar a obra neste país. Se eu tivesse 30 mil libras, não teria mandado buscar na África o empréstimo de mil libras pelo qual estou pagando juros. Se pudesse, teria feito outro empréstimo de mil libras, para que pudéssemos construir o edifício escolar principal.

“Eu não tenho 30 mil libras. Eu só queria ter um milhão de dólares. Eu faria o que fiz em Sidney. Colocaria homens no campo de trabalho, custeando suas despesas com meus próprios recursos. Precisamos de cem homens onde agora só temos um no campo.” (Carta 98a, 1897).

Seis anos mais tarde, em uma carta pessoal datada de 19 de outubro de 1903, Ellen White escreveu: “Fiz tudo o que pude para ajudar a causa de Deus com meus recursos. Estou pagando juros sobre 20 mil dólares, utilizados inteiramente na causa de Deus. E continuarei a fazer tudo que estiver em meu poder para auxiliar no avanço da Sua obra.” (Carta 218, 1903).

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[asks q="Ellen White não contradisse seus próprios ensinamentos ao morrer com dívidas?"]

Ellen White sabiamente advertiu contra os perigos da dívida, mas quando morreu ela devia aproximadamente $90.000, com ativos calculados em um pouco mais de $65.000. Isso deixou um déficit de mais de $20.000. Ellen White controlou suas finanças irresponsavelmente e em completa negligência aos seus próprios conselhos? Quando todos os fatos relacionados aos seus negócios são considerados, fica evidente que Ellen White não violou o princípio e a intenção do conselho que deu sobre o manter-se livre de dívidas.

Deve-se notar que Ellen White não advogou uma posição extrema a respeito de dívidas – que sob nenhuma circunstância alguém deveria fazer qualquer negócio a menos que o dinheiro estivesse em mãos. Ela reconheceu que oportunidades se apresentam onde a resposta apropriada é avançar com fé, mesmo que seja necessário “tomar dinheiro emprestado” e “pagar juros” – (Conselhos Sobre Mordomia, p. 278).

Em sua própria experiência, a maior parte dos empréstimos feitos por Ellen White foram contraídos durante os últimos anos de sua vida quando, percebendo a brevidade de seus dias, ela fez uma das partes mais difíceis de seu trabalho ao preparar novos livros, tanto em Inglês como em outras línguas. Havia somente duas maneiras pelas quais as despesas com a preparação de livros poderiam ser pagas – através das rendas provenientes de publicações anteriores (direitos autorais), ou fazendo empréstimos com base em direitos autorais antecipados. Por causa da generosidade de Ellen White no passado em contribuir com fundos para a obra da igreja, a única alternativa que lhe restava era contar com rendas futuras (direitos autorais) para quitar sua dívida. Parte da sua generosidade consistiu em sua recusa de receber os direitos autorais das edições em línguas estrangeiras, doando os direitos autorais de suas últimas obras mais populares, Parábolas de Jesus (1900) e A Ciência do Bom Viver (1905), para sustentar projetos específicos da igreja. Nos anos seguintes à sua morte a venda de suas publicações foi suficiente para saldar inteiramente suas obrigações, como ela havia previsto.

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[asks q="Ellen White ainda comeu carne após sua visão sobre a reforma de saúde em 1863? E o que dizer a respeito do testemunho do “porco”?"]

Ellen White não afirmou que após sua visão sobre saúde em 1863 ela nunca mais comeu carne. Antes da visão, ela acreditava que “era dependente de uma dieta cárnea para ter energia”. Por causa de sua frágil condição física, especialmente pela sua predisposição para desmaiar quando estava fraca e com tontura, ela pensava que a carne era “indispensável”. De fato, naquela época ela era “uma grande comedora de carne”; a carne era seu “principal artigo de alimentação”.

Mas ela obedecia à luz que ia tendo. Tirou a carne de sua “lista de compras” imediatamente, e esta não foi mais uma parte regular de sua dieta. Ela praticava os princípios gerais que ensinava aos outros, tais como aquele de que deve-se usar o melhor alimento disponível. Quando longe de casa, tanto viajando quanto acampando em condições precárias, décadas antes de serem inventadas as refeições de fácil preparo, encontrar uma dieta adequada era muitas vezes difícil. Nem sempre capaz de obter o melhor, por qualquer que fosse a razão, ela às vezes optou pelo bom – o melhor que podia obter naquelas circunstâncias.

Ellen White não era dogmática quanto ao comer carne. Em 1895 ela escreveu: “Nunca julguei ser meu dever dizer que ninguém deveria provar carne, sob quaisquer circunstâncias. Dizer isto… seria levar ao extremo a questão. Nunca senti ser dever meu fazer asserções arrasadoras. O que tenho dito, disse-o sob uma intuição do dever, mas tenho sido cautelosa em minhas afirmações, porque não queria dar ocasião para qualquer pessoa ser consciência para outro” – (Conselhos Sobre o Regime Alimentar, pp. 462, 463).

Em tentativas modernas para entender a história, muito frequentemente o passado é julgado pelo presente, na maioria das vezes de modo não-intencional. As pessoas do passado devem ser julgadas no contexto das circunstâncias delas, não das nossas. Numa época em que não havia refrigeração, quando obter frutas e vegetais frescos dependia de onde se vivia e da época do ano, quando os substitutos para carne eram raramente obtidos, antes da introdução da manteiga de amendoim e dos cereais desidratados (em meados da década de 1890), em algumas ocasiões ou se comia carne ou não se comia nada. Hoje em dia, na maioria das vezes comer carne raramente é uma necessidade.

Enquanto estava na Austrália, chegou a ponto de banir “absolutamente a carne de minha mesa”. Por um tempo, ela havia permitido que um pouco de carne fosse servida para os empregados e membros da família. Daquela época em diante (janeiro de 1894), foi entendido que “quer eu esteja em casa quer viajando, nada disso deve ser usado por minha família, ou vir à minha mesa” (ibid., p. 488). Muitas das declarações mais enérgicas de Ellen White contra a carne foram escritas depois de ela haver renovado seu compromisso de abstinência total em 1894.

As principais visões de Ellen White sobre saúde, em 1863 e 1865, abrangeram todos os aspectos da mensagem da reforma de saúde que ela enfatizou até a morte. As mudanças em certas ênfases ao longo dos anos somente refinaram esses princípios; não lhes acrescentaram nem subtraíram nada. À medida em que o tempo passa, mesmo os profetas devem tomar tempo para assimilar os princípios revelados – tempo para que a teoria se torne prática em sua própria vida. Ela constantemente defendia o princípio, tanto na prática quanto no ensino, de que todo aquele que é comprometido com a verdade mudará do ruim para o bom, do bom para o melhor, e do melhor para o ideal. Tal foi a sua experiência.

E o que dizer sobre sua aparente reversão na questão do comer carne de porco? Em 1858 ela escreveu para os Haskells (Irmão e Irmã A) sobre uma série de itens, repreendendo-os por insistirem que deveria ser feito um “teste” quanto a comer carne de porco: “Vi que suas ideias sobre a carne de porco não seriam prejudiciais se vocês as retivessem para si mesmos, mas, em seu julgamento e opinião, os irmãos têm feito dessa questão uma prova… Se Deus achar por bem que Seu povo se abstenha da carne de porco, Ele os convencerá a respeito… Se for dever da igreja abster-se da carne de porco, Deus o revelará a mais do que duas ou três pessoas. Ele ensinará a Sua igreja o dever dela” – (Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, pp. 206, 207).

Na visão sobre a reforma de saúde de 6 de junho de 1863, foi revelada uma extensa lista de princípios de saúde. No ano seguinte ela publicou um capítulo de cinquenta páginas intitulado “Saúde” no Spiritual Gifts, vol. 4. Em referência à carne suína, ela disse: “Deus nunca designou o porco para ser comido sob nenhuma circunstância” (p. 124), e em seus livros posteriores ela continuou a enfatizar as consequências prejudiciais do comer a carne de porco.

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