Testemunhando em Jerusalém 

Jesus nos deixou o exemplo perfeito de como compartilhar a verdade de Deus com amor e sabedoria. Somos chamados a seguir Seu modelo, testemunhando nossa fé com o mesmo amor que transforma vidas.
Fonte: Getty Images

Testemunhando em Jerusalém

Romina Albania Soro Valdivieso é professora de Língua Espanhola e mestre em Educação Curricular.

Jesus tinha um método de testemunho que cativava as pessoas, revelando a verdade de Deus de maneira tão interessante quanto terna. A multidão nunca tinha vontade de ir embora. Sua verdade era transmitida diretamente de Sua alma, de Seu amor. Jesus nos deixou o Seu exemplo detalhado, e os discípulos aprenderam com a observação de um Deus fraterno e amoroso, entendendo que cada passo do testemunho alcança as almas com o poder do Espírito Santo. Da mesma forma, podemos testemunhar nossa fé com Seus métodos de ensino que impressionavam e impressionam eternamente a alma. 

 

Porei dentro de vocês o meu Espírito! 

A busca pelo Espírito Santo é imperativa. Ellen G. White declarou explicitamente que "a dispensação em que vivemos deve ser, para os que pedem, a dispensação do Espírito Santo". Portanto, o Espírito está operando na Terra de uma forma especial. Estamos cientes da busca urgente, estamos insistindo para sermos cheios de Seu poder para sermos usados, capacitados e cheios de Sua graça, para contemplar Seu poder em nosso testemunho? Devemos buscar o derramamento do Espírito. No entanto, frequentemente estamos em um estado de letargia espiritual em nossa comunhão, sem compreender que "unicamente o Espírito Santo de Deus pode criar um entusiasmo são. Deixai que Deus opere, e ande o instrumento humano silenciosamente diante Dele, vigiando, esperando, orando, olhando a Jesus a todo momento, conduzido e controlado pelo   precioso Espírito que é luz e vida” (Mensagens Escolhidas 2, p. 16, 17). 

Em 2019, em plena pandemia e com quarentenas restritas, meu coração tinha um desejo: entregar o livro missionário em cada casa do meu condomínio. Pensei que era um bom momento para uma lição agradável. Apesar da adversidade do tempo e do medo de contágio que existia, saí com uma mala contendo 70 livros. Comecei batendo às portas, mas muito poucos abriam. Então, ia deixando um livro na porta de cada casa e em outras entregava pessoalmente com uma pequena mensagem.  

Lembro-me de ter entrado em minha casa e logo em seguida alguém bateu à minha porta. Era um casal de outra nacionalidade que havia chegado ao Chile apenas alguns meses antes. Eles me perguntaram: Você é a jovem que deixou este livro em minha casa? Sim, eu respondi fervorosamente, ao que eles responderam; desde que chegamos ao Chile, temos orado para que Deus nos mostre Sua vontade de nos congregarmos onde Ele ordenar. A partir daquele momento, uma linda amizade começou. Ambas as famílias se reuniam para confraternizar e realizar pequenos grupos em casa, já que os cultos da igreja ainda não haviam voltado ao normal. Desfrutávamos de lindas noites de estudo, oração, comida e comunhão.   

Quando a atenção foi reativada na igreja, convidamos o casal para participar de uma Semana de Oração e profecia realizada por meu esposo, onde eles aceitaram o chamado do nosso Criador, entregando suas vidas a Ele. Muitas vezes não sabemos como nos aproximar das pessoas e falar sobre nosso Pai, mas o Espírito Santo tem muitas almas que só desejam viver e servir em Sua presença. Às vezes, devido aos nossos medos, essas almas esperam incansavelmente, mas Deus, em Sua misericórdia, sempre tem um agente para trazer a salvação.

"Muitas vezes a lógica humana tem quase extinguido a luz que Deus quer fazer brilhar em claros raios, para convencer os homens" (Evangelismo, p. 193). 

Permitamos que a lógica de Cristo opere em nossos corações. Quando sentimos medo de pregar a mensagem, devemos apenas lembrar que os discípulos tiveram que esperar em Jerusalém, a mesma cidade que havia crucificado o Senhor apenas algumas semanas antes, ainda sentindo o ódio hostil, os olhares desafiadores, a incredulidade e a ameaça constante. Era a mesma cidade que havia rejeitado os profetas e onde Cristo havia Se lamentado: "Jerusalém, Jerusalém! Você mata os profetas e apedreja os que lhe são enviados! Quantas vezes Eu quis reunir os seus filhos, como a galinha ajunta os do seu próprio ninho debaixo das asas, mas vocês não quiseram! Eis que a casa de vocês ficará deserta" (Lucas 13:34, 35).  

Infelizmente, as circunstâncias, o medo e a adversidade tornavam este lugar o menos atraente para pregar. O último lugar na Terra para onde os discípulos pensavam em ir, mas a ordem de Jesus prova que Deus pode dar Sua bênção em qualquer lugar do mundo. Se tivessem ido trabalhar num lugar tranquilo, teriam sido egoisticamente tentados a ficar lá. Deus nos tira de nossa zona de conforto e nos convida a pregar, e outras oportunidades são colocadas diante de nossos olhos, no mesmo caminho que percorremos.  

Há alguns anos, quando saía do meu trabalho como professora, fui a um novo centro de estética. Esperei minha vez para cortar o cabelo e, durante uma hora de sessão com a cabeleireira, conversamos sobre Deus e Seu amor infinito. Ao terminar, ela me perguntou quando eu voltaria para cortar o cabelo, ao que respondi: "Você gostaria de conversar mais sobre Cristo?" A partir daquele momento, durante um ano, nos reunimos todas as terças-feiras para falar sobre Jesus. Ela estava tão animada que conseguimos estudar com mais cinco pessoas no salão de beleza. Três deles fecharam seu estabelecimento por uma hora para aprender sobre Jesus. A necessidade de Cristo é tão profunda que apenas uma palavra em nosso testemunho pode fazer a diferença, transformar o mundo, enchê-lo de amor, do amor de Deus. 

Uma fé simples 

A Igreja estabelecida no Pentecostes não se reunia apenas como um grande corpo em um único lugar. Os pequenos grupos foram fundamentais para o estabelecimento de Sua Igreja. As verdades bíblicas que aprenderam dos apóstolos, a comunhão, a partilha do pão e a oração eram vitais para a vivência e a fé cristã. 

Não há dúvidas de que estudar a Bíblia e ter comunhão são importantes. No entanto, há coisas das quais nos esquivamos, apesar do conhecimento adquirido. Na Bíblia, menciona-se que também comiam juntos todos os dias, demonstrando companheirismo. Esse ato de partir o pão era realizado nos lares. Ao ler sobre o ato de partir o pão, lembro da importância dos cristãos abrirem suas casas para amigos interessados em aprender a verdade de nosso Senhor. Mesmo em um momento de lazer, é possível testemunhar e glorificar a Deus. Perdemos, como igreja, a fraternidade que nos caracterizava anos atrás, onde depois de uma manhã de sábado os irmãos da igreja se preparavam para levar um amigo para casa, convidando-o a "partir o pão". 

A oração foi outro princípio importante dos discípulos no Pentecostes. Eles oravam edificando a espiritualidade e construindo uma comunidade, pois sabiam que “os que põem toda a armadura de Deus e devotam algum tempo cada dia à meditação, oração e estudo das Escrituras estarão em ligação com o Céu e terão uma influência salvadora, transformadora sobre os que os cercam” (Testemunhos para a Igreja, v. 5, p. 112). 

A Bíblia nos mostra, através do exemplo de Cristo e de Seus discípulos, como devemos nos comportar na pregação do evangelho, pois temos todos os princípios fundamentais para testemunhar à comunidade com a mensagem de nosso Pai. No entanto, temos uma tarefa fundamental: orar, pedir e ansiar pelo Espírito Santo e Seu poder, para que as almas possam nos encontrar como aliados de confiança e amor, e assim, cheios do Espírito, proclamar a maravilhosa salvação de nosso eterno Salvador. 

É importante ressaltar que nos tempos dos discípulos “cada cristão via em seu irmão uma revelação do amor e da benevolência divinos” (HA, p. 39.2). A recepção do Espírito Santo é substancial no Pentecostes, pois sua consequência não se replicou apenas no amor fraterno, mas no testemunho à comunidade, conseguindo conquistar mais de três mil pessoas em um único dia. 

Um cristão que vive a vida simples em Cristo tem a oportunidade de testemunhar em todos os momentos. Não se trata do local, mas sim da entrega completa ao nosso Pai. Não percamos a força como igreja negligenciando nossa tão estimada e valorizada comunhão. Avancemos em Cristo e assim "receberão poder, ao descer sobre vocês o Espírito Santo, e serão minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até os confins da terra" (Atos 1:8).