Como aprender a cuidar da saúde a partir das leis de trânsito
Por Elen Márcia Silva de Souza, educadora e psicóloga.
Desde o momento em que nascemos, todos os dias enfrentamos um processo de crescimento Segundo a Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), o total de multas de trânsito aplicadas no Brasil durante o ano de 2022 foi de 76.577.166, o que dá, em média, 8.742 infrações cometidas por hora. E o que isso tem a ver com a sua saúde? Em breve você entenderá. Antes, porém, deixe-me contar sobre o conflito de uma cristã dirigindo em um bairro do Rio de Janeiro.
Você já se sentiu mal por estar fazendo o certo? Recentemente, mudei-me para um dos bairros da cidade do Rio de Janeiro e percebi que os motoristas não param quando o sinal está vermelho. Mesmo tendo mais de 20 anos de habilitação, fico confusa quando paro nos cruzamentos, obedecendo ao semáforo. Ouço buzinas impacientes atrás de mim e carros tentando me ultrapassar (sim, com o semáforo fechado) pela direita e pela esquerda, com os condutores me olhando com cara feia como se eu estivesse fazendo algo errado. E, confesso, movida pelo efeito manada, em uma das vezes que dirigi também não obedeci à legislação de trânsito (confissão pública que me gerou uma reflexão valiosa e que pode ter um efeito remissivo).
Consequências e penalidades: essas são as duas coisas que podem acontecer quando uma legislação desse tipo é transgredida (principalmente em bairros onde há radar semafórico em cada esquina). Embora sejam termos simples, vamos destrinchar o conceito e exemplificar essas duas palavras?
Consequências de se avançar o sinal vermelho: colisão com outro veículo ou algum atropelamento.
Penalidades: multa de R$ 293,47, sete pontos somados na Carteira Nacional de Habilitação (CNH), além de, no caso de acidentes, processos judiciais, suspensão da CNH e pagamento de indenização, a depender do caso.
Segundo o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, consequência é o “resultado natural, provável ou forçoso de um fato”. E penalidade é sanção, “punição ou castigo imposto por lei a algum crime, delito ou contravenção”. Ou seja, consequência é efeito previsível, e penalidade é uma consequência de caráter punitivo.
Sendo assim, as pessoas geralmente obedecem às leis para evitar consequências e penalidades. Em contrapartida, as infrações ocorrem por imprudência, pressão social ou rebeldia. E tudo isso é muito claro quando o assunto é Lei de Trânsito, concorda? Então você se depara com textos do tipo: “Deus criou leis que governam nossa constituição, e essas leis que Ele pôs em nosso ser são divinas, e para cada transgressão está fixada uma penalidade que, cedo ou tarde, será executada” (Conselhos sobre o Regime Alimentar, p. 19) e “Os homens têm procedido assim: têm tratado o seu corpo como se suas leis não previssem penalidade” (Ibidem, p. 18).
Uma dessas leis diz respeito à ingestão de água na quantidade ideal para seu corpo. Quando o indivíduo não segue essa “legislação” natural, o que acontece? Consequências e penalidades:
- Consequências: intestino preso, fezes secas, urina escura, diminuição da produção de saliva, dor de cabeça, desidratação que causa falta de energia e fraqueza muscular, etc.
- Penalidades: pedras nos rins, infecções urinárias, agravamento de problemas como hipertensão arterial, hemorroidas, questões cardiovasculares, etc.
De acordo com uma pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), a cada ano, sete milhões de pessoas têm pelo menos uma infecção urinária; e, de acordo com a Sociedade Brasileira de Coloproctologia, cerca de 30% dos brasileiros sofrem de constipação intestinal. Será que esses problemas são consequências/penalidades pelo desrespeito à lei da saúde, que não é institucionalizada pela nossa sociedade, mas que é claramente um dos requisitos de cuidado com o corpo, o templo do Espírito Santo?
Usamos a água como exemplo, mas isso também se aplica à alimentação, ao exercício físico, ao sono, etc. Por que transgredimos essas leis? Por inconsequência? Pelo efeito manada? Ou por rebeldia? Acredito que não é só isso. Enquanto tentarmos fazer mudanças nos nossos hábitos no intuito de “evitar” consequências e penalidades, estaremos agindo como os motoristas do Rio de Janeiro diante de um sinal vermelho.
A escritora americana Ellen White diz que por meio do nosso apetite pervertido e hábitos ruins, temos tornado nossos órgãos “enfermos e inutilizados” (Ibidem, pág. 18) e nossas competências (físicas, mentais e espirituais) debilitadas. Mas todos nós sabemos disso. Tal informação não é nova. A pergunta que fica na cabeça é: “Por que não me comporto de acordo com o que sei ser melhor para a minha saúde?”
Usar o “combustível” correto
Para compartilhar minha reflexão com você, vou me valer de outro exemplo ligado aos motoristas. Você sabe por que a gasolina comum é o combustível mais barato e, por isso, o mais usado? Além da ausência dos aditivos que protegem o motor, ela tem menor custo, principalmente porque possui menos quantidade de uma substância chamada “octano”, que faz com que o combustível tenha menor poder calorífico. Isso faz o motor render menos que a gasolina “premium” e “podium” (que tem maior octanagem e, por isso, melhor performance do carro e mais rendimento energético). Ou seja, mais octano, mais desempenho, maior valor agregado. Menos octano, menos desempenho, preço mais baixo.
E o que isso tem a ver com as leis da saúde? Acredito que, enquanto não encarar a necessidade de comer mais verduras, beber mais água, excluir alimentos inflamatórios, fazer exercício físico, dormir mais cedo como regras que devem ser seguidas para se evitar consequências, você ficará andando em círculos, com avanços e retrocessos constantes. É preciso investir em “octanagem”, minha querida! Muito mais que fazer mudanças de comportamentos movidas pelo efeito e pelo risco de penalidades, você precisa melhorar o “combustível” da sua comunhão.
Eu defendo uma alimentação cristocêntrica! Não é só uma alimentação saudável, funcional. Isso não basta! É necessário que se compreenda que as questões ligadas à saúde estão no centro do grande conflito. Satanás tem utilizado os resultados das tentações alimentares para “escarnecer de Deus. Ele apresenta diante Dele o corpo humano que Cristo adquiriu como Sua propriedade” como uma “deformada representação de seu Criador”. Não é só uma questão de beber água para ter o intestino funcionando. É uma questão de saber que Aquele que deixou o Céu, veio para esta Terra suja, sofreu fome, sede, dor, injustiças e foi julgado e assassinado com o pior tipo de morte fez tudo isso para salvar você. Ele fez TUDO, mas não pode beber água por você. Ele não pode comer por você. Ele não pode treinar por você.
A nossa comunhão é o combustível para a mudança. Não pense que apenas evitar as consequências dos maus hábitos é suficiente. Não é. Da mesma forma, multas e risco de acidentes não param os motoristas mencionados. Saber das penalidades da sua alimentação inflamatória você já sabe. O necessário agora é melhorar o nível de “octanagem”, de COMUNHÃO com o Eterno na sua vida, de modo que mudanças de identidade alimentar substituam as mudanças comportamentais temporárias.
Deus não pede nada que não seja para o seu bem. A gasolina “Premium” ou “Podium” são as mais caras, mas os carros mais potentes e caros que existem não aceitam gasolina comum. Você é esse veículo! Você é o veículo que movimenta o amor do Criador neste planeta. Não se contente com pouco. Pare de pensar nas consequências dos seus erros e invista no combustível que verdadeiramente opera em você “o querer e o efetuar” (Filemom 2:13).