Considerações sobre o papel dos adventistas em relação à política de acordo com a Bíblia, escritos de Ellen White e documentos oficiais
Decisões devem ocorrer de forma consciente e em harmonia com princípios e valores cristãos.
Como parte de uma comunidade que vive sob leis e constituições, os adventistas do sétimo dia são incentivados a agir em harmonia com seu papel diante dos deveres cívicos. Para eles, os valores bíblicos são a referência para a atuação como cidadãos preocupados com os problemas da sociedade em que vivem. Além disso, tais valores devem direcionar, também, a escolha de quem ocupará cargos públicos. Esse tipo de preocupação abrange conceitos sobre questões sociais, liberdade religiosa, respeito aos direitos individuais e postura ética.
Com mais de 160 anos desde a sua organização, a Igreja Adventista do Sétimo Dia se mantém como uma instituição não partidária. Isso significa que, como organização, não projeta, apoia ou financia de nenhuma forma partidos ou campanhas partidárias e eleitorais. A Igreja Adventista do Sétimo Dia acredita na importância que as decisões políticas podem desempenhar na vida de indivíduos. Por isso, não impõe qualquer tipo de proibição ou desestimula seus membros a exercer sua plena cidadania, como a participação em eleições, atividades comunitárias e outras modalidades de representação.
Escolha consciente
Antes de eleger representantes, a Igreja Adventista orienta que seus membros reflitam com seriedade sobre sua escolha, uma vez que essa decisão terá implicações não apenas para si, mas também para outros. Eles têm total e completa liberdade para definir em quem votar. Por isso, é necessário analisar as propostas de governo e o histórico da vida pública de cada candidato, a fim de tomar uma decisão consciente nas urnas, embora não seja possível conhecer os reais objetivos de cada um deles.
De acordo com o documento Os Adventistas e a Política, votado pela Igreja Adventista na América do Sul, a estrutura organizacional não abre espaço para a realização de campanha feita por quem está vinculado ministerialmente ou profissionalmente aos seus escritórios e instituições. Tais pessoas representam a denominação onde quer que estejam e desempenham um papel de influência junto a públicos específicos. Ellen G. White reforça que “os que ensinam a Bíblia em nossas igrejas e escolas, não se acham na liberdade de se unir aos que manifestam seus preconceitos a favor ou contra homens e medidas políticos, pois assim fazendo, incitam o espírito dos outros, levando cada um a defender suas ideias favoritas. Existem, entre os que professam crer na verdade presente, alguns que serão assim incitados a exprimir seus sentimentos e suas preferências políticas, de maneira que se introduzirá na igreja a divisão” (Conselhos para a Igreja, p. 324.2).
Essa orientação é dada a todo aquele que exerce qualquer tipo de liderança na igreja local ou em seus projetos relacionados, bem como para os que são remunerados por eles. É importante que a Igreja seja um espaço de unidade e comunhão com Deus e entre os irmãos.
Recomenda-se que o cristão não se apoie em suas convicções terrenas, mas no exemplo divino. “Os que são genuinamente cristãos são ramos da Videira verdadeira, e darão o mesmo fruto que ela. Agirão em harmonia, em comunhão cristã. Não usarão distintivos políticos, mas os de Cristo” (Conselhos para a Igreja, p. 324.4).
Manifestações públicas sobre política
Seja nos templos locais ou em eventos oficiais realizados em lugares distintos, os púlpitos devem ser reservados apenas para a apresentação da mensagem bíblica e de seus valores, como orienta o documento Os Adventistas e a Política. “Irmãos, não vos lembrais de que a nenhum de vós foi imposta pelo Senhor qualquer responsabilidade de publicar suas preferências políticas em nossas publicações, ou de sobre elas falar na congregação, quando o povo se reúne para ouvir a Palavra do Senhor...” (Mensagens Escolhidas, p. 336.2).
“Cristo convida Seus seguidores a chegarem à unidade nos puros princípios evangélicos que são positivamente revelados na Palavra de Deus” (Conselhos para a Igreja, p 324.3). Quando há divergência exposta de forma pública entre os cristãos nos assuntos políticos, isso pode se estender, também, para as outras áreas, criando um ambiente de desavença entre os membros da igreja.
Acima de tudo, “A nossa cidadania, porém, está nos céus, de onde esperamos ansiosamente o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Filipenses 3:20).
Por isso, é fundamental, em profundo espírito de oração e análise de propostas, eleger pessoas e projetos como algo sério e importante, especialmente para a vida da igreja e da sociedade nos últimos dias. O amor entre os irmãos deve ser a prioridade em todos os momentos.
Diante desse cenário, a Igreja Adventista do Sétimo Dia:
- Incentiva que seus membros cumpram seus deveres cívicos, participando com seus votos na escolha de candidatos que representem os valores cristãos de justiça, liberdade religiosa, entre outros. E que tomem parte em atividades, dentro das leis de sua pátria, para ajudar a diminuir o sofrimento das pessoas e melhorar as condições de vida em sociedade, seja no país, estado, província, cidade ou bairros.
- Reafirma o respeito ao direito de expressão e as reivindicações pacíficas e dentro da lei. Não recomenda, no entanto, que seus membros façam da participação em manifestações públicas de cunho social, político ou partidário a principal razão de ser da sua vida.
- Concorda com a participação de seus membros em pleitos políticos e públicos, eletivos ou não. Porém, é vedado o uso do espaço do templo, recursos financeiros ou seus eventos para fins eleitorais de qualquer natureza. Caso o membro decida por concorrer ou ocupar determinado cargo político, é necessário deixar de exercer cargos oficiais no templo local ou em escritórios administrativos durante o período.
- Estimula que, assim como nas demais áreas da vida, na internet e nas redes sociais, o princípio a ser adotado é o do amor para com o próximo em cada debate ou discussão. Orienta-se a checagem da fonte do conteúdo publicado e a avaliação da pertinência da postagem, bem como ter em mente o papel de que todo crente é, em certa medida, um representante da Igreja e dos princípios bíblicos.
- Incentiva que seus membros orem em favor das autoridades constituídas conforme a própria Bíblia estabelece.
Fonte: Os adventistas e a política