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Legalização das drogas

A Igreja Adventista do Sétimo Dia é reconhecida por seu compromisso com a promoção de práticas saudáveis, a partir de uma perspectiva bíblica. Uma vez que o corpo é o templo do Espírito Santo (1Co 6:19, 20) e tudo o que fazemos deve glorificar a Deus, incluindo o cuidado com a saúde (1Co 10:31), a […]


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Imagem: Shutterstock

A Igreja Adventista do Sétimo Dia é reconhecida por seu compromisso com a promoção de práticas saudáveis, a partir de uma perspectiva bíblica. Uma vez que o corpo é o templo do Espírito Santo (1Co 6:19, 20) e tudo o que fazemos deve glorificar a Deus, incluindo o cuidado com a saúde (1Co 10:31), a posição denominacional é contrária a tudo aquilo que conspira contra esses ideais.

Ellen White dedicou muito tempo de seu ministério para orientar contra o consumo de substâncias prejudiciais, como o álcool, o fumo, os chás e entorpecentes. No livro Temperança (2016) encontram-se os principais conceitos sustentados por ela a respeito do tema. Em relação ao consumo de substâncias nocivas ao corpo, a autora defendia que os adventistas deveriam se abster de artigos como chá, café, fumo e álcool. Além disso, também tinha uma postura crítica quanto aos medicamentos recomendados pelos médicos de seus dias, que incluíam os nocivos ópio, morfina, estricnina, arsênico, mercúrio e quinino, promovendo em seu lugar o uso dos remédios naturais e da medicina preventiva (ver “Estimulantes e narcóticos”, p. 73-89).

Quanto a esse último ponto, é importante destacar que a autora revela bom senso a respeito do uso de remédios cuja segurança e eficácia eram comprovadas. “Não é negação da fé usar os remédios que Deus proveu para aliviar a dor e ajudar a natureza em sua obra de restauração. Não é nenhuma negação da fé cooperar com Deus, e colocar-se nas condições mais favoráveis para o restabelecimento. Deus pôs em nosso poder o obter conhecimento das leis da vida” (2015, p. 286). Digno de nota é que ela mesma foi beneficiada com medicamentos e inovações contemporâneas da medicina (ibid., p. 292-303).

A autora também encorajou a igreja a se posicionar publicamente contra a venda e o consumo de substâncias tóxicas ao organismo, especialmente a bebida alcoólica. “Os defensores da temperança deixam de cumprir seu inteiro dever a menos que exerçam sua influência por preceito e exemplo – pela voz e pela pena e pelo voto – em favor da proibição e da abstinência total” (2016, p. 253, 254).

Nessa luta em favor da temperança, Ellen White defendeu o trabalho colaborativo com outras entidades promotoras da causa, como, por exemplo, a União Feminina de Temperança Cristã. Não havendo comprometimento dos princípios defendidos pela Igreja Adventista, deveria haver cooperação entre as entidades para alcançarem seu propósito comum (ibid., p. 223, 224).

Em consonância com esses princípios, a denominação emitiu documentos que deixam clara sua posição quanto ao uso e à promoção de substâncias nocivas ao corpo. Em sua declaração de crenças, Nisto Cremos, a igreja afirma: “Visto que as bebidas alcoólicas, o fumo e o uso irresponsável de medicamentos e narcóticos são prejudiciais a nosso corpo, também devemos nos abster dessas coisas. Em vez disso, devemos nos empenhar em tudo que submeta nossos pensamentos e nosso corpo à disciplina de Cristo, o qual deseja nossa integridade, alegria e bem-estar” (2018, p. 351).

Em 1985, no documento “Uso de drogas”, reiterou essa compreensão dizendo que “para um viver saudável, os adventistas insistem que todos sigam um estilo de vida que evite os produtos do fumo, as bebidas alcoólicas e o uso impróprio de drogas” (2005, p. 35). Cinco anos depois, a denominação asseverou: “A posição da igreja com respeito ao uso do álcool e do fumo não mudou.” (ibid., p. 23).

Assim, à medida que a sociedade procura impor a agenda da legalização das drogas, é necessário que a Igreja Adventista seja enfática na defesa da temperança e relevante na promoção de princípios de vida saudável.

Princípios editoriais

  1. Temos o compromisso de defender o estilo de vida saudável, conforme apresentado na Bíblia e nos escritos de Ellen White. Por meio de nossos materiais, a igreja e a sociedade devem encontrar informações relevantes que auxiliem na educação antiálcool e antidrogas.
  2. Historicamente, fomos contrários à legalização de substâncias como álcool e fumo. Coerentemente, somos contrários à legalização da maconha, cocaína ou qualquer substância narcótica vendida para uso recreativo.
  3. Não produzimos materiais que relativizam o consumo de narcóticos sob o pretexto do uso medicinal. Entendemos que a ciência pode encontrar usos apropriados para princípios ativos encontrados nas matérias-primas dessas drogas e que, após o desenvolvimento de medicamentos seguros e eficazes, livres de seus efeitos alucinógenos, o remédio pode ser consumido de acordo com as prescrições médicas.
  4. Apesar da importância da pauta antidrogas, devemos ter bom senso, equilíbrio e prudência ao discutir o assunto, evitando confrontos, polêmicas e provocações inúteis e prejudiciais à imagem da igreja. É preciso manter o debate em alto nível, apresentando argumentos sólidos.

Bibliografia

Associação Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia. (2005). “Uso de drogas” (p. 35), em Declarações da igreja. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira.

Associação Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia (2005). “Uso, abuso e dependência de substâncias químicas” (p. 23, 24), em Declarações da igreja. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira.

Associação Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia. (2018). Nisto cremos. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira.

Hardinge, M. (2018). Medicamentos ou drogas (p. 1067, 1068). Em Fortin, D., & Moon, J. (eds.). Enciclopédia Ellen G. White. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira.

Hoehn, J. (2002). The Adventist drug problem: Must all remedies be “natural”? Adventist Review. Disponível em: <https://tinyurl.com/y6df5s5p>.

Schaefer, R. (2012). Legacy: Dare to care. Loma Linda, CA: Loma Linda University Press.

Steed, E. (2018). Temperança (p. 1321-1323). Em Fortin, D., & Moon, J. (eds.). Enciclopédia Ellen G. White. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira.

Whitaker, R. (2018). Temperança [livro] (p. 1321). Em Fortin, D., & Moon, J. Enciclopédia Ellen G. White. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira.

White, E. (2015). Mensagens escolhidas (v. 2). Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira.

White, E. (2016). Temperança. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira.

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