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A discussão acerca do aborto se torna cada vez mais intensa à medida que movimentos favoráveis à prática ganham maior projeção e a legislação de vários países tem aprovado esse procedimento. George Gainer (1991) demonstra que, na Igreja Adventista, até o fim da década de 1960, a posição contrária ao aborto era majoritária. Contudo, os […]


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Imagem: Shutterstock

A discussão acerca do aborto se torna cada vez mais intensa à medida que movimentos favoráveis à prática ganham maior projeção e a legislação de vários países tem aprovado esse procedimento. George Gainer (1991) demonstra que, na Igreja Adventista, até o fim da década de 1960, a posição contrária ao aborto era majoritária. Contudo, os anos de 1970 e 1971 viram o tema se tornar efervescente nos círculos adventistas, uma vez que passou a haver um descompasso entre o entendimento legal, a compreensão profissional (médica) e a posição denominacional sobre a questão. Oscilando entre uma postura mais conservadora (votada em 13/5/1970 e tornada pública) e outra mais liberal (votada em 25/1/1971 e mantida nos círculos institucionais), a Igreja Adventista finalmente aprovou, em 1992, um documento oficial sobre esse assunto complexo. Essa declaração permaneceu vigente até 2019, quando a denominação votou outra, com uma visão mais abrangente sobre a santidade da vida.

Intitulado “Declaração sobre a visão bíblica da vida intrauterina e suas implicações para o aborto” (2019), o documento apresenta uma seção denominada “Princípios e ensinamentos bíblicos relacionados ao aborto”, que enuncia 6 pontos: (1) “Deus exalta o valor e a santidade da vida humana” (Gn 1:27; 2:7; Jo 1:3, 4; At 17:25, 28; Cl 1:17; Hb 1:1-3); (2) “Deus considera a criança que não nasceu como vida humana (Sl 139:16; Jó 10:8-12; 31:13-15; Êx 21:22, 23); (3) “A vontade de Deus em relação à vida humana é expressa nos Dez Mandamentos e explicada por Jesus no Sermão da Montanha” (Sl 119; Rm 7:12: Êx 20:13; Mt 5:21, 22); (4) “Deus é o Doador da vida e os seres humanos são Seus mordomos” (Sl 50:10-12; 139:13-16; 1Co 6:19-22); (5) “A Bíblia ensina a cuidar dos fracos e vulneráveis” (Dt 10:17, 18; Sl 82:3, 4; Ez 18:20; Mt 18:10-14; 25:40; Tg 1:27); e (6) “A graça de Deus promove a vida neste mundo manchado pelo pecado e pela morte” (Sl 103:19; Rm 8:20-24; Cl 1:17; Hb 1:3).

Nesse último ponto, o documento salienta que, em virtude da decadência resultante da queda, “há casos raros e extremos nos quais a concepção humana pode produzir gestações com perspectivas fatais e/ou anomalias agudas, que ameaçam a vida, colocando diante de indivíduos e casais dilemas excepcionais”. Em tais situações, “a decisão pode ser deixada para a consciência dos indivíduos e das famílias envolvidas. Essas decisões devem ser bem informadas e orientadas pelo Espírito Santo e pela visão bíblica da vida descrita acima”.

Com base nesses princípios, a Igreja Adventista não apoia o aborto, mas reconhece que ela “e seus membros são chamados a seguir o exemplo de Jesus, e ser cheia ‘de graça e de verdade’ (Jo 1:14), por meio das seguintes ações:

(1) Promover uma atmosfera de amor verdadeiro e prover cuidado pastoral bíblico, bem como apoio amoroso aos que enfrentam decisões difíceis relacionadas ao aborto;

(2) Recorrer à ajuda de famílias bem estruturadas e comprometidas, ensinando-as a cuidar de indivíduos, casais e famílias em dificuldades;

(3) Encorajar os membros da igreja a abrir o lar para os necessitados, incluindo pais e mães solteiros, órfãos e filhos adotivos, ou que esperam para ser adotados;

(4) Cuidar profundamente, de diversas maneiras, das mulheres grávidas que decidem dar prosseguimento à gestação; e

(5) Oferecer apoio emocional e espiritual às mulheres que abortaram por diversos motivos ou foram obrigadas a abortar e podem estar passando por sofrimento físico, emocional e/ou espiritual.”

Princípios editoriais

  1. Defendemos a santidade da vida humana e não promovemos o aborto em nenhuma publicação.
  2. Reconhecemos que ao tratar do aborto em situações extremas devemos ser cuidadosos para não impor um peso espiritual, emocional e social adicional aos envolvidos com essa decisão.
  3. Nossas publicações devem deixar claro que o aborto por motivo de controle de natalidade, escolha do sexo ou conveniência não é aprovado pela Igreja Adventista.
  4. Nossas publicações devem prover orientação para que seus leitores fortaleçam seus relacionamentos familiares, cuidem dos necessitados, compreendam a perspectiva bíblica sobre a vida, tenham uma visão correta sobre a sexualidade, sejam responsáveis em relação ao planejamento familiar e também quanto às consequências de comportamentos opostos aos princípios das Escrituras.

Bibliografia

Adventist Review. (2019). Comissão mundial adventista vota declaração sobre o aborto. Recuperado de https://tinyurl.com/yy4bdamb

Gainer, G. (1991). Abortion: History of Adventist guidelines. Ministry, agosto (p. 11-17).

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