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O valor das Crianças aos olhos de Deus

Na idade do Aventureiro começa o desejo pelo batismo. Mas, enquanto aumenta este desejo, surgem os questionamentos sobre a legitimidade de batizar juvenis. Alguns acham que é muito cedo, que é uma decisão sem muita profundidade, que uma decisão nessa fase não dura muito e vai acabar em apostasia, ou que a igreja está diminuindo […]


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Na idade do Aventureiro começa o desejo pelo batismo. Mas, enquanto aumenta este desejo, surgem os questionamentos sobre a legitimidade de batizar juvenis. Alguns acham que é muito cedo, que é uma decisão sem muita profundidade, que uma decisão nessa fase não dura muito e vai acabar em apostasia, ou que a igreja está diminuindo a importância do batismo ao aceitá-lo tão cedo. Há outro grupo, favorável, que apóia e incentiva a decisão nessa fase da vida.

Qual deve ser a postura de um líder de Aventureiros sobre este assunto? Precisamos avaliá-lo um pouco mais, além de buscar a orientação de Deus, para que uma questão como esta não traga mais discussão, mas, sim harmonia.

Ao ler esse capítulo, tenha em mente o significado do batismo - uma cerimônia de entrega. De acordo com a simbologia Bíblica é como uma declaração de amor no casamento, ou como o início de uma nova vida na ressurreição. Em ambos os exemplos o batismo é o início e não o final de um processo. É preciso enxergar a decisão de um juvenil dentro dessa realidade.

O alcance da decisão

Deus aceita e entende a decisão de cada pessoa dentro de sua realidade. Um juvenil está apenas começando a entender a vida, e é dentro deste contexto que ele faz sua entrega. Ela não pode ser comparada ao alcance da decisão de um adulto, até porque está longe dessa fase e não enfreta a mesma realidade de vida. Ao tomar sua decisão um juvenil está declarando seu amor por Jesus, seu desejo de ficar ao lado dEle, e seu compromisso com as coisas simples e práticas do evangelho. Ellen White é clara quando diz que “...o batismo não torna cristãs as crianças, tampouco as converte; é apenas um sinal exterior que demonstra sentirem dever ser filhos de Deus, reconhecendo que crêem em Jesus Cristo como seu Salvador e que daí por diante viverão para ele...” (Orientação da Criança, 499)

É preciso ter cuidado com o excesso de cobrança. Conhecendo os princípios básicos e se comprometendo com eles, o juvenil vai ter a oportunidade de continuar crescendo durante sua vida cristã. Esse crescimento vai depender principalmente da maneira como foi iniciada sua vida Cristã. Se ele foi bem recebido, se foi estimulado, se lhe foram ensinadas as doutrinas, isso vai preparar o caminho para o crescimento que virá com a experiência cristã e com a idade.

O risco da proibição

As crianças e juvenis tem um alto valor para Deus, por isso é preciso ter muito cuidado com as constantes negativas quanto ao batismo deles. Precisamos mostrar-lhe o batismo como um muro. Não um muro intransponível, mas um muro de proteção, criando nele um desejo cada vez maior de recebê-lo. Constantes negativas, proibições, exigências ou dificuldades para autorizar o batismo acabam criando um sentimento de rejeição, formando uma barreira. O que um dia foi um sonho começa a se tornar algo incômodo. Inconscientemente o juvenil pensa: “se é tão bom, porque eu nunca posso?”.

Não significa que qualquer criança que tenha vontade deva ser batizada, mas que precisamos ser habilidosos em administrar essa situação, sem criar imposições, dificuldades, provas e outros mecanismos que afastem ao invés de estimular. Além disso, se um juvenil insiste, a igreja deve permitir que seja batizado na primeira oportunidade possível, monstrando que entende seu desejo e quer tê-lo ao lado de Jesus. Afinal, “Cristo avaliou tão alto as crianças que ama e teme a Deus, é maior aos Seus olhos do que o homem mais talentoso e instruído que negligencia a grande salvação. ...A alma da criança que crê em Cristo é tão preciosa à Sua vista como são os anjos ao redor do Seu trono. Elas devem ser levadas a Cristo e educadas por Ele” (Ellen White, O Lar Adventista, p. 279.

A idade ideal

Especialmente quando se deseja a melhor idade para batismo é que começam a surgir as polêmicas. Ellen White ensina que a partir dos oito anos de idade as crianças já começam a ser preparadas para a decisão por Cristo. Não se propõe dizendo que devem ser batizadas com essa idade, mas já devem ser conduzidas nesta direção. Afinal “Crianças de oito, dez ou doze anos, já têm idade suficiente para serem dirigidas ao tema da religião individual. Não ensineis vossos filhos com referência a um tempo futuro em que eles terão idade bastante para se arrependerem e crerem na verdade, Caso sejam devidamente instruídas, crianças bem tenras podem ter idéias corretas quanto ao seu estado de pecadores, e ao caminho da salvação por meio de Cristo” (Orientação da Criança, pp. 490 e 491).

Esse não é um tema a ser jogado para o futuro, mas uma questão que deve ser apresentada aos juvenis na primeira oportunidade em que eles puderem considerá-la. Afinal, quando começam a fazer suas decisões mais sérias, quando já devem ter alguma responsabilidade e responder por suas atitudes, precisam ser levados a decidir por Jesus.

A postura dos pais

Mais do que os dirigentes dos Clubes, cabe aos pais terem sabedoria para administrar essa questão. Sua atitude deveria ser sempre na direção de apoiar e estimular a decisão de entregar a vida a Jesus. Ellen White orienta que “Ao tocar o Espírito Santo o coração das crianças, cooperai com Sua obra. Ensinai-lhes que o Salvador as está chamando, que coisa alguma lhe poderá causar maior alegria do que se entregarem a Ele na florescência e vigor de seus anos” (Evangelismo, p. 580).

Se um juvenil quer ser batizado, mas ainda não está na idade ideal é importante não negar, mas mostrar que vai ser batizado dentro de mais algum tempo. É a oportunidade para começar a estudar as coisas práticas da vida cristã e criar atividades especiais que vão lhe preparar até a idade mais própria. Os pais devem avaliar, sempre, a capacidade de decisão e interesse, mas devem fugir de criar metas de perfeição para que sejam batizados. Muito menos apresentar o batismo nos momentos de disciplina. O conselho inspirado é: “Se errarem, não os critiqueis. Nunca os censureis de serem batizados e ainda estarem cometendo erros. Lembrai-vos de que eles ainda têm muito a aprender quanto aos deveres de filho de Deus” (Orientação da Criança, p. 500).

A postura dos líderes da igreja

A atitude da liderança da igreja também deve ser sempre no sentido de apoiar a decisão pelo batismo. Mesmo que não tenha idade ou não esteja preparado, a igreja deve demonstrar interesse em ajudar a moldá-lo, estudar com ele, incentivar para que mantenha essa decisão viva.

Alguns cuidados especiais devem ser tomados para apoiá-los:

1. Não minimizar ou ridicularizar sua decisão. Evitar dizer: “ Só foram juvenis à frente no apelo. Não temos ninguém para batizar”. Ou “Você quer ser batizado? Falta muito para chegar lá!”

2. Evitar concentrar observações negativas ou criar um padrão inatingível. Não criar situações do tipo: “Esse menino converva demais durante o culto. Não tem condições de ser batizado”. Ou “Temos dúvida quanto ao seu preparo. Vamos fazer um exame prévio”.

3. Evitar argumentar que não podem ser batizados porque são muito novos e vão acabar apostatando. A apostasia, na maioria dos casos é maior entre os adultos do que entre as juvenis. Se eles forem envolvidos e se comprometerem com a igreja desde pequenos, tem muito menos possibilidades de sair.

4. Avaliar o desejo e a situação da família. É preciso que a família compreenda e apóie a decisão. “Consentindo o batismo dos filhos, os pais contraem em relação a eles a responsabilidade sagrada de despenseiros para guiá-los na formação do caráter...” (Ellen White, Orientação da Criança, p. 501).

5. Havendo necessidade, buscar “padrinhos” espirituais. Há muitos que não tem uma família estável, ou vem de famílias que não tem a mesma fé. É importante que um adulto, o Clube ou a Escola Adventista possam apoiá-los e orientá-los nos primeiros passos. A preocupação de providenciar a lição da Escola Sabatina, um convite para almoçar no sábado, ou para sentar junto nos cultos da igreja pode fazer uma grande diferença. No caso de famílias não-Adventistas, pode ser uma oportunidade para conquistá-los também. Ellen White garante que “Por meio dos filhos, muitos pais serão alcançados” (Evangelismo, p. 584).

6. Organizar uma Classe Bíblica Especial. Este é caminho para preparar e ter os juvenis devidamente prontos para o batismo. Esta Classe pode funcionar na Escola Adventista, no Clube ou junto ao Ministério da Criança. Enfim, existem diversas oportunidades para que a igreja cumpra o seu papel e prepare bem seus juvenis.

O apoio de Ellen White

Nos seus dias, Ellen White apoiava a decisão, a entrega e o batismo de juvenis. Eles amadureciam um pouco mais tarde do que a geração de hoje, e mesmo assim ela insistia com a importância dessa decisão. Relatando uma reunião que partipou ela conta:

“ As reuniões realizadas em Monterey (Michigan) para crianças foram, penso, as melhores de todas as que freqüentamos. Todos começaram a buscar ao Senhor e a indagar:

Que devemos fazer para sermos salvos?...Sabíamos que o Senhor estava trabalhando por nós, trazendo estas queridas crianças ao Seu aprisco...

Estas crianças desejavam ser batizadas. ...Terça-feira, dez meninas reuniram-se às águas para receberem a ordenança do batismo.

Simpatizamos profundamente com uma menina. Decidiu que teria de ser batizada. Veio com suas jovens companheiras para descer às águas, mas voltou sua dificuldade... Todas foram batizadas exceto ela, que não pôde persuadir-se a entrar nas águas. Percebemos que Satanás opunha-se à boa obra e desejava impedi-la, e ela devia continuar.

Vesti-lhe o roupão de batismo e insisti com ela para entrar nas águas. Ela hesitou. Meu esposo de um lado, e eu de outro, e o pai dela implorando, tentamos animá-la a prosseguir, mas seu pavor da água a fez recusar-se. Ela consentiu. Molhou a cabeça e as mãos enquanto o ministrador repetia várias vezes as palavras: “Em nome do Senhor, prossiga”. Calmamente ela entrou na água e foi sepultada na semelhança da morte de Cristo. ...No dia seguinte cinco meninos expressaram seu desejo de serem batizados. Era uma cena interessante ver aqueles meninos, todos de cerca da mesma idade e tamanho, lado a lado professando sua fé em Cristo”

(Perguntas que Eu Faria à Irmã White, p. 24 e 25).

O que fazer?

Após analisar o assunto a melhor recomendação é o equilíbrio e sabedoria para decidir. Não seja duro a ponto de fechar todas as portas, exigir demais e acabar desestimulando essa decisão especial. Por outro lado, não batize precipitadamente, sem nenhum preparo só para contar mais um número ou ter uma parte especial em algum programa. O melhor caminho é estimular, preparar e levar um juvenil ao batismo com a tranquilidade de que ele está seguro da decisão e terá amparo suficiente para viver a vida cristã. Se você errar em sua avaliação, prefira sempre errar levando-os a Jesus e não afastando-os dEle e do batismo.

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