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Sejam meus imitadores 

“Você está me cobrando isso, mas você mesma não faz!” Quem de nós nunca escutou algo assim de um filho, amiga ou marido, não é mesmo? A verdade é que as pessoas esperam coerência entre o que dizemos e o que fazemos. E, geralmente, quem nos alerta a esse respeito são as pessoas com quem […]


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O exemplo é a melhor lição que podemos dar aos nossos familiares e pessoas próximas (Foto: Shutterstock)
O exemplo é a melhor lição que podemos dar aos nossos familiares e pessoas próximas (Foto: Shutterstock) 

“Você está me cobrando isso, mas você mesma não faz!” Quem de nós nunca escutou algo assim de um filho, amiga ou marido, não é mesmo? A verdade é que as pessoas esperam coerência entre o que dizemos e o que fazemos. E, geralmente, quem nos alerta a esse respeito são as pessoas com quem temos mais intimidade. Mas será que Deus também usa essas pessoas para nos dar um “puxão de orelha” de vez em quando? 

Pense em Jesus agora. Ele convivia com fariseus e mestres que conheciam muito bem as leis e a Palavra de Deus, mas a vida que viviam não lhes dava credibilidade. Cristo chegou a afirmar: “Façam e observem tudo o que eles disserem a vocês, mas não os imitem em suas obras; porque dizem e não fazem” (Mateus 23:3). 

Em Tiago 1:22, o autor reforça a necessidade de vivermos a fé que professamos: “Sejam praticantes da palavra e não somente ouvintes”. E esse conselho ainda serve para nós, hoje, independentemente de quem somos, de onde estamos e de exercermos ou não algum cargo de liderança na igreja, pois a coerência é um traço de caráter. 

Coerência na família 

Nas palestras que ministro, sempre menciono a coerência como essencial para a educação dos filhos. Ela tem um poder que não conseguimos mensurar. E eu precisei passar pela experiência que relatarei a seguir para entender isso. 

Um dos meus três filhos é muito parecido comigo em qualidades e dificuldades. Talvez por essa razão, na sua adolescência, nós discutíamos bastante. Ele foi para o internato cursar o ensino médio e a minha esperança era que a convivência com outras pessoas o tornaria mais tolerante e responsável em suas tarefas. Oito anos mais tarde, ele voltou a morar comigo, quando conseguiu seu primeiro emprego na mesma cidade onde eu vivia.  

Somos amigos, mas, mesmo depois de anos separados, começamos a nos desentender novamente. Comecei a orar por essa situação, até que senti uma forte impressão em minha mente: “Ore por você. Mude você primeiro”. A partir desse dia, eu clamava todo o tempo pelo Espírito Santo, pedindo que o meu eu fosse subjugado e que eu tivesse sabedoria para lidar com cada situação desafiadora. 

Deus foi me transformando. A impaciência e as palavras duras foram sendo controladas, e a cada vitória obtida, pela graça de Jesus, mais fortalecida eu ficava. Em algum momento, relatei ao meu filho a minha decisão. Cerca de um mês depois, num culto de pôr do sol, ele fez um pedido que jamais esquecerei: “Mãe, ore por mim, para que eu tenha o Espírito Santo como você, porque agora as nossas “brigas” não se desenvolvem mais”.  

Aquele pedido era uma evidência de que ele havia compreendido que era possível vencer, pelo Espírito Santo, o seu temperamento difícil. A mãe que ele admirava era, também, uma mulher imperfeita, carente de reavaliações e da orientação divina, em exercício para alcançar maturidade espiritual, necessitada do perdão dele e de Deus. Ao perceber isso ele desejou a própria mudança. 

Eu jamais esquecerei daquele momento tão especial! Entendi quão poderosa é, na educação dos filhos, a coerência. Ela gera mútua confiança e impacta mais a vida deles do que mil palavras lindas de um sermão. 

Ellen White diz, no livro O Lar Adventista, que “tudo deixa sua impressão na mente juvenil. A fisionomia é estudada, a voz tem sua influência, o comportamento é por eles imitado bem de perto. Pais e mães irritadiços e impertinentes estão dando aos filhos lições que, algum dia, eles dariam o próprio mundo, se este lhes pertencesse, para desaprenderem. Os filhos precisam ver na vida dos pais aquela coerência que está em harmonia com sua fé. Por revelar uma vida coerente e exercer domínio próprio, os pais podem modelar o caráter dos filhos” (p. 322) 

Note que ela afirma que nossos filhos, quando maiores, dariam tudo para desaprender os maus hábitos formados por nossa influência incoerente. Quanta responsabilidade a nossa! Se nos cultos falamos que devemos ajudar o próximo, mas não praticamos atos de bondade no dia a dia, nossas palavras não vão surtir efeito. Se criticamos as pessoas, fazemos coisas desonestas, descumprimos promessas ou fazemos qualquer outra coisa que vai de encontro ao que professamos, nossos filhos podem até se tornar descrentes, pois não veem em nós a transformação que dizemos que o estudo da Bíblia, a oração e o poder de Cristo proporcionam.  

Coerência na igreja 

Assim como é em casa, é fora dela. Se desejamos que nossos irmãos se envolvam na missão, eles precisam ver que aproveitamos todas as oportunidades para testemunhar aos nossos vizinhos e amigos. Uma simples caminhada, uma reunião ou uma fila de mercado são ocasiões para uma conversa produtiva, uma nova amizade e um toque capaz de levar a salvação a alguém. Atendendo às suas necessidades e ganhando a sua confiança, como Jesus fazia, abrimos portas no coração das pessoas para que Deus faça a Sua obra. 

Sobre isso, mais uma vez Ellen White nos fala: “A coerência é uma joia. Nossa fé, nosso vestuário e conduta devem estar em harmonia com o caráter de nossa obra, a apresentação da mais solene mensagem que já se deu ao mundo. Nossa obra é atrair os homens à crença na verdade, atrair pela pregação e pelo exemplo também, vivendo vida piedosa. A verdade, em todos os seus aspectos deve ser vivida, mostrando a coerência da fé com a prática” (Evangelismo, p. 542). 

E ainda: “A piedade na vida diária dará força ao testemunho público. A paciência, a coerência e o amor impressionarão os corações de maneira que os sermões não podem conseguir” (Obreiros Evangélicos, p. 204) 

Nunca se esqueça de que a coerência tem poder para desencadear decisões e mobilizar pessoas. Imagine quantas coisas maravilhosas podemos desencadear ao simplesmente sermos amigas, mães e esposas coerentes. Que busquemos diariamente o Espírito Santo, pois somente assim nossa vida exalará amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio (Gal 5:22 e 23). Que, como Paulo, tenhamos a autoridade de dizer às pessoas: “Sejam meus imitadores, como também eu sou imitador de Cristo” (I Cor 11:1) 

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