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O fogo amigo

Chama-se “fogo amigo” uma ação bem intencionada em seu início, mas desastrosa em seu final. O cenário é militar, dois grupos que entram em colisão. Quando um exército combate o inimigo, mas nessa ação fere ou mata um aliado denomina-se que ali houve o “fogo amigo”. Podemos dizer que o quadro citado acima foi uma […]


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Chama-se “fogo amigo” uma ação bem intencionada em seu início, mas desastrosa em seu final. O cenário é militar, dois grupos que entram em colisão. Quando um exército combate o inimigo, mas nessa ação fere ou mata um aliado denomina-se que ali houve o “fogo amigo”.

Podemos dizer que o quadro citado acima foi uma fatalidade ou casualidade, já que não houve intenção. O termo jurídico seria crime culposo. Porém, podemos aprender algumas lições de como evitar problemas e traições com pessoas amigas, já que
somos chamados, como cristãos, a termos bons relacionamentos com todos ao nosso redor. Como a revista tem um público feminino, irei abordar o tema a partir da história da mulher de Potifar e José.

A aproximação (Gn 39:1-3): A história de maior assédio registrada pela Bíblia apresenta um ambiente profissional em comum. Nesse caso, não foi a mulher de Potifar, mas José quem entrou no mercado de trabalho. Ele era mordomo
(administrador) de tudo na casa do seu senhor, exceto sua esposa (Gn 39:9).

A origem humana aponta Deus como criador do homem e da mulher. Ambos se completariam e formariam uma família, um casal. Deus criou um contexto social com interdependência, amizade, cumplicidade, simpatia, etc. Esses sentimentos e valores deveriam ser construídos e desenvolvidos entre os seres humanos, especialmente e mais intimamente entre um casal. Por
essa razão, o homem e a mulher buscam tais relacionamentos afetivos para sua felicidade social e pessoal.

A pergunta: Pode existir amizade entre homem e mulher? As respostas são controversas. Como existem muitos casos de envolvimento afetivo ou sexual a partir de amizades é bom analisar um pouco. Segundo o site Psychology Today, a ideia de que homens e mulheres não podem ser amigos íntimos vem de tempos antigos, quando as moças ficavam em casa e os homens
no trabalho e a única maneira que eles tinham para se relacionar era através de um romance.

A revista Isto É fez uma matéria sobre o assunto de amizade com o sexo oposto e publicou que tudo começou a partir da invenção da TV colorida, em 1954. Por sua vez, Rosana Schwartz, pesquisadora da PUC-SP, diz que até o século XIX, essa relação não era bem vista porque a mulher era tida como frágil e a aproximação com um homem poderia degenerá-la pela relação sexual fora do casamento. Ou seja, na época se acreditava que a presença de um homem poderia levar as mulheres a
cometerem um ato absolutamente condenável: o sexo fora do casamento. Amizade com homem, segundo Rosana, passou a ser comum somente com a chegada das mulheres ao mercado de trabalho, principalmente depois da década de 1970.

Com esse novo fenômeno social, a amizade com o sexo oposto não somente tornou-se normal como incentivada e divulgada pelas redes sociais, envolvendo o tom sensual e sexual, sem maiores constrangimentos.

Admiração (Gn 39:6): José era jovem (aproximadamente 17 anos) quando chegou no Egito. A mulher de Potifar notou sua beleza e sentiu-se atraída. Ela não seguiu o conselho do sábio Salomão: “Não se encante por outras mulheres (homens)” (Provérbios 5:20). Considerar outras pessoas atraentes e olhar para elas com admiração irá desgastar sua própria visão a respeito de seu cônjuge. O critério de beleza será mudado e o cônjuge passará a ser preterido em relação à essa nova pessoa que entrou na relação afetiva.

Estatísticas revelam que amizades ou traições acontecem em ambientes onde homens e mulheres passam a maior parte do tempo juntos. Seja no setor de trabalho, estudos ou lazer. Aquelas pessoas passam a ser o referencial. Isso acontece com os pastores também. As mulheres da congregação o tem como referencial em vários aspectos: espiritualidade, casamento
perfeito, equilíbrio, conselheiro, etc.

Cuidados importantes nessa etapa:

Roupa que usa - pode ser atraente para ele(a).
Linguagem - pode soar sensual ou romântica.
Olhares - não flertar.
Redes sociais - não olhar fotos de amigos(as) se sente algum tipo de admiração.
Tempo de conversa e frequência – se existe admiração, conversas frequentes podem levar à intimidade. O(a) amigo(a) passará a ser confidente, compreensivo(a) e melhor amigo(a), valores pertinentes somente ao(a) esposo(a).
Ambiente - nunca em local reservado.
Toque físico - devem ser evitados fortes abraços, principalmente quando há presença dos itens anteriores na relação.
Apelido carinhoso - tal expressão apenas para esposo(a).
Deve-se comentar positivamente (e em público) as qualidades do cônjuge. Ouça o sábio: “Elogie a(o) sua(eu) esposa(o) e a(o)
chame ‘bem-aventurada(o)” (Provérbios 31:28-29).

Escrevendo a jovens pastores (casados e solteiros) sobre o perigo da sedução feminina (serve também para assédio masculino), Ellen White aconselhou: “Mas a responsabilidade dessa questão pesa sobre os próprios ministros. Cumpre-lhes manifestar desgosto por tais atenções; e, se tomarem a atitude que Deus quer, não continuarão a ser perturbados. Eles devem
evitar toda aparência do mal; e quando as mulheres moças são muito sociáveis, é dever do ministro dar-lhes a conhecer que isso não agrada. Deve repelir a ousadia, mesmo que o julguem rude, a fim de salvar da censura a causa. As jovens que se houverem convertido à verdade, e a Deus, darão ouvidos à reprovação,e se regenerarão. – {OE 129.2}

Desejo de intimidade (Gn 39:7,10): O que era apenas um contato, evoluiu. José e a esposa de Potifar
não somente trabalhavam no mesmo ambiente como também se viam com frequência. Como ela cultivou e alimentou o contato visual, o próximo passo seria a admiração. Isso pode ocorrer em ambos ou em um dos amigos, mesmo que não haja amizade. Ela não percebeu que dentro de si alimentava algo que era maior que amizade ou profissionalismo, era desejo. Nesses casos de
amizades envolvendo um(a) casado(a), é necessário diagnosticar o verdadeiro sentimento: “sinto algo por ele(a)?” Se sim, a amizade poderá resultar em problemas se a rota não for corrigida.

Um estudo feito na Universidade de Oxford mostrou que três em cada quatro homens entrevistados mantinham amizades platônicas com mulheres. Principalmente porque afirmam que não confiam em seus amigos, já que encaram como competidores. Ou seja, homens tendem a desabafar seus problemas com amigas, esperando ser compreendidos e não contam a amigos por receio de o verem como fracassado.

Conclusão:
É preciso haver equilíbrio e sensatez em todas as relações humanas, principalmente com o sexo oposto.
Por melhores que sejam as intenções, o inimigo pode aproveitar as circunstâncias, vulnerabilidades e aparência do mal. Melhor usar o velho e bom conselho do sábio Salomão: “Alegre-se com sua(eu) esposa(o) por toda a sua vida.” (Provérbios 5:18-19).

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